Salmos, 72
Enigma da felicidade dos impios e sua solução
LIVRO TERCEIRO
Nota do Editor: Na edição original do padre Matos Soares, esse é o Salmo 73. Para mais detalhes ver Ps. 1, 1.
[1] Salmo. De Asaf. Quão bom é Deus para com os rectos, o Senhor para com os puros de coração! •
Felicidade temporal dos pecadores.
[2] Os meus pés por pouco não vacilaram; por pouco se não transviaram os meus passos, •
O salmista esteve quase a ser vencido por uma grande tentação, que a vista da felicidade temporal dos ímpios tinha excitado na sua alma. Pouco faltou para que ele duvidasse da Providência, e se revoltasse contra ela.
[3] porque tive inveja dos ímpios, ao observar a prosperidade dos pecadores. •
[4] Porque eles não têm sofrimentos, são e gordo anda o seu corpo. •
[5] Não participam (pelo menos aparentemente) dos trabalhos dos mortais, nem como os outros são flagelados. •
[6] Pelo que os cinge a soberba como um colar, e envolve-os a violência como um vestido.
[7] Brota a iniquidade do seu crasso coração, trasbordam as ficções da sua mente. •
[8] Zombam e falam com maldade, altivos ameaçam opressões. •
[9] Abrem a sua boca contra o céu, e a sua língua arrasta-se pela terra. •
[10] Por isto o meu povo se volta 1 para eles, e sorve das suas águas abundantes 1. •
Por isso muitos do meu povo se voltarão para o lado dos ímpios, seduzidos pela sua falsa felicidade. E estes miseráveis apóstatas julgarão encontrar dias felizes e numerosos (e sorve das suas abundantes águas...).
[11] Chegam a dizer 1; "Porventura Deus sabe isto, tem disto notícia o Altíssimo?" •
E chegam a dizer: os homens da plebe, seduzidos pela vida feliz dos ímpios, procurando justificar o seu próprio proceder.
[12] Eis como são os pecadores, e, (contudo) sempre tranquilos, aumentam a sua fortuna.
Infelicidade dos Inocentes.
[13] Foi portanto inutilmente que conservei puro o meu coração, e lavei na inocência as minhas mãos? •
[14] Pois sou flagelado a toda a hora e castigado todo o dia. •
Fim miserável dos pecadores.
[15] Se eu pensasse: "Hei-de falar com eles," seria um desertor da raça dos teus filhos. •
[16] Reflectia pois para compreender isto; pareceu-me porém coisa bastante difícil,
[17] até que entrei no santuário (íntimo) de Deus, e atendi ao fim de todos eles. •
[18] Na verdade, é sobre caminhos escorregadios que os colocas, precipita-los na ruína. •
Com a morte desaparecerá para sempre, como um sonho, a felicidade dos maus.
[19] Oh! como tombara num momento, acabaram, foram consumidos de espantoso terror!
[20] Como um sonho, ao despertar, Senhor, assim, quando te Levantas, desprezarás a sua aparência. •
[21] Quando se exasperava o meu espírito, e o meu coração se sentia aguilhoado. •
[22] eu era um insensato e não compreendia, fui diante de ti como um jumento. •
[23] Todavia, não; estarei sempre contigo: tomaste-me pela minha mão direita, •
Fim glorioso dos justos.
[24] Hás-de guiar-me com teu conselho, e por fim hás-de receber-me na tua glória. •
[25] Quem tenho eu, lá no céu, fora de ti? e, se estou contigo, a terra não me deleita. •
[26] Desfalece a minha carne e o meu coração; o rochedo do meu coração e a minha herança é Deus para sempre. •
[27] Com efeito, os que se apartam de ti perecerão, aniquilas todos os que te são infiéis. •
[28] Mas para mim é bom estar junto de Deus, pôr no Senhor Deus o meu refúgio. Publicarei todas as tuas obras às portas da filha de Sião. •