Salmos, 17
Acções de graças do rei Davide pela salvação e vitória alcançada
Nota do Editor: Na edição original do padre Matos Soares, esse é o Salmo 18. Para mais detalhes ver Ps. 1, 1.
[1] Ao mestre do coro. De Davide, servo do Senhor, o qual dirigiu ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou do poder de todos os seus inimigos e da mão de Saul. •
Acção de graças
[2] Disse portanto: Eu te amo. Senhor, fortaleza minha, •
[3] Senhor meu firme apoio, meu baluarte, meu libertador, ó meu Deus, minha rocha de refúgio, meu escudo, força da minha salvação, meu asilo •
[4] Invocarei o Senhor, digno de louvor, e serei salvo dos meus inimigos. •
Oração de Davide.
[5] Cercaram-me as vagas da morte, e torrentes devastadoras me aterrorizaram; •
[6] Cordas do inferno me envolveram, lançaram-se sobre mim laços da morte; •
[7] na minha tribulação invoquei o Senhor, e clamei ao meu Deus; ele ouviu a minha voz desde o seu templo, o meu clamor penetrou nos seus ouvidos. •
Deus desce do céu no meio duma tempestade para salvar Davide.
[8] Foi sacudida e tremeu a terra, os fundamentos dos montes vacilaram e abalaram-se, porque ardia em ira. •
[9] Subiu fumo das suas narinas, e fogo devorador da sua boca, carvões por ele acesos. •
[10] Inclinou os céus e desceu, e uma nuvem obscura estava sob os seus pés. •
[11] Foi levado sobre um Querubim e voou, transportado sobre as asas do vento. •
[12] Vestiu-se de trevas, como de um véu, como de um manto, de água tenebrosa e densas nuvens. •
[13] Diante do resplendor da sua presença inflamaram-se carvões em brasa. •
[14] E o Senhor trovejou do céu, e o Altíssimo fez ouvir a sua voz, •
[15] desferiu as suas setas e desbaratou-os, muitos relâmpagos, e aterrou-os. •
[16] E apareceram os fundos do mar, e ficaram a descoberto os fundamentos da terra, às ameaças do Senhor, ao sopro impetuoso da sua ira. •
[17] Estendeu do alto a sua mão, tomou-me, tirou-me das muitas águas 1. •
Das muitas águas... isto é, de perigos extremos.
[18] Livrou-me do meu fortíssimo inimigo, e dos que me aborreciam, que eram mais poderosos do que eu. •
[19] Eles atacaram-me no dia da minha aflição, mas o Senhor fez-se meu protector, •
[20] retirou-me para um lugar espaçoso, salvou-me porque me ama. •
[21] O senhor me recompensou segundo a minha justiça, e segundo a pureza das minhas mãos me retribuiu, •
[22] porque guardei os caminhos do Senhor e não me afastei, pelo pecado, do meu Deus,
[23] porque todos os seus mandamentos estiveram diante dos meus olhos, e não repeli de mim os seus preceitos, •
[24] antes foi íntegro em sua presença, e guardei-me da culpa. •
[25] O Senhor me retribuiu segundo a minha justiça, e segundo a pureza das minhas mãos (que está presente) aos seus olhos. •
[26] Com o homem piedoso mostras-te piedoso, com o recto usas de rectidão, •
[27] com o puro mostras-te puro, com o estuto tornas-te prudente. •
[28] Com efeito tu salvas o povo humilde, mas humilhas os olhos soberbos. •
[29] Porque tu, ó Senhor, fazes brilhar a minha lucerna; tu, ó meu Deus, iluminas as minhas trevas. •
[30] Porque por ti acometo os esquadrões inimigos, e com o meu Deus assalto a muralha. •
[31] Sem mácula é o caminho de Deus, a sua palavra é provada no fogo; ele é escudo para todos os que se acolhem a ele. •
[32] Quem é Deus além do Senhor? Ou que rocha (forte) há fora do nosso Deus? •
[33] (Ele é o) Deus que me revestiu de força, que fez o meu caminho imaculado, •
[34] que tornou os meus pés (velozes) como os dos veados, e me estabeleceu sobre as alturas 1, •
Sobre as alturas, para me defender melhor.
[35] que adestrou as minhas mãos para a peleja, e os meus braços para retesar o arco de bronze. •
[36] Deste-me o teu escudo salvador e a tua direita me susteve, e a tua solicitude me fez grande. •
[37] Abriste caminho largo aos meus passos, e não vacilaram os meus pés. •
[38] Perseguia os meus inimigos e alcançava-os, e não regressava sem os ter aniquilado. •
[39] Eu lhes quebrei as forças, e não poderão levantar-se, cairão debaixo dos meus pés.
[40] E me revestiste de força para o combate, e abateste debaixo de mim os meus adversários, •
[41] puseste em fuga os meus inimigos e aniquilaste os que me aborreciam. •
[42] Gritaram, e não havia quem os salvasse; (clamaram) ao Senhor, e não os ouviu. •
[43] Eu os dissipei como o pó que o vento espalha, eu os calquei como a lama das praças. •
[44] Livraste-me das contendas do povo, estabeleceste-me chefe das nações. Um povo, que eu não conhecia 1, me serviu, •
Um povo, que eu não conhecia, isto é, povos muito distantes, que sòmente eram conhecidos de nome na Palestina.
[45] e me obedeceu, logo que me ouviu. Os estrangeiros me lisonjearam, •
[46] os estrangeiros empalideceram, saíram tremendo das suas fortalezas. •
[47] Viva o Senhor, e seja bendita a minha Rocha! Seja exaltado Deus, meu salvador, •
[48] Deus, que me concedeu (tirar) vingança e me submeteu os povos. •
[49] Tu, que me livraste dos meus inimigos e me exaltaste sobre os que me resistiram, arrancaste-me do homem violento. •
[50] Por isso eu, Senhor, te louvarei entre as nações e cantarei um salmo ao teu nome: •
[51] (a ti) que concedeste grandes vitórias ao teu rei, que usaste de misericórdia com o teu ungido, com Davide e sua posteridade para sempre. •