Salmos, 108
Contra inimigos injustos e pérfidos
Nota do Editor: Na edição original do padre Matos Soares, esse é o Salmo 109. Para mais detalhes ver Ps. 1, 1.
[1] Ao mestre do coro. De Davide, Salmo. Ó Deus, meu louvor, não te cales 1, •
Cruelmente afligido por negras calúnias, o salmista pede o castigo do pérfido acusador (1-20); e, depois de fazer uma breve descrição dos seus sofrimentos, pede a Deus que o auxilie (21-31).
Não te cales... Não deixes de manifestar a minha inocência contra as calúnias de que sou vítima.
Malícia dos inimigos,
[2] porque abriram contra mim uma boca ímpia e enganadora. Falaram-me com língua aleivosa, •
[3] com palavras de ódio me cercaram, e sem causa me fizeram guerra. •
[4] Em paga do meu amor, acusavam-me; eu porém orava. •
[5] Deram-me males em troca de bens, ódio em troca do amor que eu lhes tinha.
Imprecações contra eles.
[6] Suscita 1 um ímpio contra ele, e esteja um acusador à sua direita. •
Depois de ter empregado o plural para designar os seus inimigos, Davide emprega agora o singular, porque tinha particularmente em vista o chefe desses inimigos, verdadeiro instigador de todos os seus males. S. Pedro, aplicando o salmo a Jesus, vê neste chefe Judas traidor (Act, 1, 20). Suscita... Deve notar-se que, neste salmo" Davide fala como profeta, e, em nome de Deus, anuncia o que havia de acontecer aos inimigos obstinados do Senhor.
[7] Quando for julgado, seja condenado, e seja vã a sua súplica. •
[8] Sejam abreviados os seus dias, e ocupe outro o seu posto. •
[9] Fiquem seus filhos órfãos, e sua esposa viúva. •
[10] Andem vagabundos dum lugar para o outro os seus filhos e mendiguem, e sejam lançados fora das suas habitações devastadas. •
[11] O usurário dê caça a todos os seus bens, e os estranhos roubem o fruto do seu trabalho. •
[12] Ninguém tenha compaixão dele, nem haja quem se compadeça dos seus órfãos.
[13] Seja exterminada toda a sua posteridade: na segunda geração fique apagado o seu nome. •
[14] Reviva a lembrança da culpa de seus pais na presença do Senhor, e o pecado de sua mãe não seja apagado: •
[15] estejam sempre (os seus crimes) diante do Senhor, e extirpe da terra a sua memória, •
[16] porque não pensou em usar de misericórdia, mas perseguiu o homem miserável e mendigo, o homem aflito do coração, para lhe dar a morte. •
[17] Amou a maldição: venha ela sobre ele; não quis a bênção; afaste-se ela dele.
[18] Vista-se de maldição como de um vestido: penetre como água nas suas entranhas, e como azeite nos seus ossos. •
[19] Seja para ele como o vestido com que se cobre, e como a cinta com que sempre se cinge.
[20] Seja esta a paga do Senhor àqueles que me acusam, e aos que dizem males contra a minha alma. •
Preces para alcançar o auxílio divino.
[21] E tu, Senhor, Deus, sê comigo por amor do teu nome; porque é benigna a tua misericórdia, salva-me, •
[22] pois sou miserável e pobre, e o meu coração está ferido dentro de mim. •
[23] Desapareço como a sombra que vai caindo, e sou sacudido (para longe) como um gafanhoto, •
[24] Os meus joelhos vacilam com o jejum, e a minha carne definha com a magreza. •
[25] Tornei-me para eles um objecto de opróbrio; ao verem-me, abanam a cabeça (insultando-me). •
[26] Socorre-me, Senhor Deus meu; salva-me segundo a tua misericórdia,
[27] E saibam que isto é obra da tua mão, que foste tu, Senhor, que fizeste isto. •
[28] Amaldiçoem eles (muito embora) mas abençoes tu; confundidos sejam os que se levantam contra mim, e entretanto o teu servo se alegrará.
[29] Sejam cobertos de ignomínia os meus acusadores, e envolvidos na sua confusão como num manto. •
Acção de graças antecipada.
[30] Exaltarei altamente o Senhor com a minha boca no meio de muitos cantarei os seus louvores, •
[31] porque se pôs à direita do pobre, para o pôr a salvo dos juizes (iníquos), •