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Livro da Sabedoria, 12

Os Cananeus, como os Egípcios são castigados com clemência.


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[1] O teu espírito incorruptível está em todos os seres.

[2] Por isso é que castigas com brandura os que caem, e, advertindo-os das faltas que cometem, os exortas, para que, deixada a malícia, creiam em ti, Senhor.

Os Cananeus, como os Egípcios são castigados com clemência.

[3] Tinhas horror aos antigos habitantes da tua terra santa,

[4] porque praticavam obras detestáveis de magia, ritos ímpios,

[5] cruéis morticínios de crianças, (faziam) festins de entranhas, carne humana e sangue e iniciações em abomináveis mistérios.

[6] A esses pais assassinos de seres indefesos, tu quiseste destruir pelas mãos de nossos pais, a fim de que esta terra, que é a mais estimada por ti, recebesse uma digna colónia de filhos de Deus.

[8] Mas ainda a esses (perversos) perdoaste como a homens 1 e lhes enviaste as vespas como precursoras do teu exército, para que elas os exterminassem pouco a pouco.

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Como a homens... frágeis, inclinados ao mal.

[9] Não porque não pudesses sujeitar pela guerra os ímpios aos justos, ou destruí-los duma vez pelos animais cruéis, ou com uma (só) palavra severa;

[10] mas, castigando-os pouco a pouco, davas-lhes lugar de fazer penitência, embora não Ignorasses que a sua raça era má, que a malícia lhes era natural, e que os seus pensamentos (perversos) jamais mudariam.

[11] Com efeito a sua raça era maldita desde o princípio. Não era por temor de alguém que te mostravas indulgente com os seus pecados.

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Era maldita... A raça dos Cananeus tinha sido amaldiçoada por Noé no seu primeiro progenitor (Gn. 9, 25).

[12] Porquanto quem te dirá a ti: Que fizeste tu? Ou quem ousará opor-se às tuas sentenças? Ou quem te acusará de fazeres perecer nações criadas por ti? Ou quem virá defender contra ti a causa dos homens ímpios?

[13] Não há outro Deus senão tu, que de todas as coisas tens cuidado, para mostrares que não há injustiça nos teus juízos.

[14] Não há rei nem tirano que possa levantar-se contra ti a pedir contas daqueles que castigaste.

[15] Porém, como és justo, todas as coisas governas justamente, e condenar quem não merece castigo é uma coisa que consideras indigna do teu poder.

[16] Porque o teu poder é o princípio da justiça, e, por isso mesmo que és Senhor de tudo, te fazes indulgente com todos.

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O supremo domínio de Deus, sendo a raiz de todo o direito, é, por isso mesmo, o princípio e o fundamento da Justiça, que tem por missão defender os direitos.

[17] Todavia mostras o teu poder, quando te não crêem perfeitamente poderoso, e confundes os que o conhecem e têm audácia (de o desafiar).

[18] Dominador da tua força julgas com bondade, e governas-nos com multa indulgência pois tens sempre em tua mão usar do poder quando quiseres.

[19] Ensinaste ao teu povo por meio deste teu proceder, que o justo deve ser humano, e deste a teus filhos a boa esperança de que dás tempo de fazer penitência, depois do pecado.

[20] Se os inimigos dos teus servos, dignos de morte, puniste com tanta circunspecção e indulgência, dando-lhes tempo e ocasião de se poderem converter da sua malícia,

[21] com quanto cuidado não julgarás tu os teus filhos, a cujos pais concedeste com juramentos, a tua aliança repleta de boas promessas?

[22] Quando, pois, nos infliges algum castigo, açoutas os nossos inimigos mil vezes mais, para que, quando julgamos, pensemos na tua bondade, e, quando somos julgados, esperemos na tua misericórdia.

[23] Por isso também, àqueles que viveram loucamente no mal, fizeste sofrer tormentos por meio das suas próprias abominações.

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Os Egípcios, que viviam na loucura da idolatria, foram punidos por meio daqueles animais que adoravam como deuses.

[24] Porque andaram largo tempo vagabundos, no caminho do erro, tendo por deuses os mais vis de entre os animais, deixando-se enganar como meninos sem razão.

[25] Por isso, como a crianças insensatas, lhes deste um castigo irrisório.

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As primeiras nove pragas foram como que uma zombaria.

[26] Mas os que se não emendaram com uma correcção irrisória, experimentarão um castigo digno de Deus.

[27] Irritados pelo que sofriam, sentindo-se atormentados pelas mesmas coisas que julgavam deuses, ao verem que antes recusavam conhecer reconheceram-no como verdadeiro Deus. Por isso caiu sobre eles o extremo da condenação.

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Reconheceram o verdadeiro Deus, enquanto antes o negavam, mas não se submeteram à sua divina vontade.

Sabedoria, 12