Livro da Sabedoria, 1
Coração recto. O pecador não pode escapar ao castigo. Deus quer a vida e não a morte do homem. Os ímpios chamam a morte.
PRIMEIRA PARTE
A sabedoria é uma fonte de felicidade neste mundo e na eternidade
Coração recto.
[1] Amai a justiça, vós os que governais a terra. Que os vossos pensamentos sobre o Senhor sejam bons, e buscai-o com simplicidade de coração, •
[2] porque ele se deixa encontrar pelos que o não tentam, e manifesta-se aos que têm confiança nele. •
Tenta a Deus quem faz ou pede alguma coisa não com uma intenção de lhe agradar, mas como que para explorar o seu poder e a sua bondade.
[3] Com efeito os pensamentos perversos afastam de Deus, e a Omnipotência, posta à prova, triunfa dos insensatos. •
[4] E assim na alma maligna não entrará a sabedoria, nem habitará no corpo sujeito ao pecado, •
[5] porque o Espírito Santo, educador (dos homens) 1, foge do engano 1; afasta-se dos pensamentos desatinados, e retira-se ao aproximar-se a iniquidade. •
O Espírito de Deus, educador dos homens, retira-se para longe das almas que dão lugar ao engano.
O pecador não pode escapar ao castigo.
[6] De facto a Sabedoria é um espírito que ama os homens, mas não deixará sem castigo o blasfemador, pelas suas palavras, porque Deus sonda os rins, penetra até ao fundo do seu coração, e ouve (as palavras) da sua língua. •
A sabedoria aborrece as palavras más.
[7] Com efeito, o Espírito do Senhor enche o universo, e, como abrange tudo, tem conhecimento de tudo o que se diz. •
[8] Por isso aquele que profere palavras ímpias, não se pode ocultar, e a justiça vingadora não passará ao largo dele.
[9] O ímpio será interrogado sobre o seus próprios pensamentos, e o som das suas palavras chegará aos ouvidos de Deus, para castigo das suas iniquidades.
[10] Um ouvido cioso escuta todas as coisas, e o ruído das murmurações não se lhe esconderá. •
[11] Abstende-vos, pois, de murmurações inúteis, e refreai a língua da detracção, porque a palavra (mais) secreta não passará em claro, e a boca que mente mata a alma.
Deus quer a vida e não a morte do homem.
[12] Não procureis ansiosos a morte com os descaminhos da vossa vida, nem atraiais a perdição com as obras das vossas mãos. •
A morte não entrava no desígnio original do Criador. mas foi introduzida no universo pelo pecado, isto é, pela revolta contra a vontade de Deus.
[13] Com efeito. Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. •
[14] Porquanto ele criou todas as coisas para a existência, e fez saudáveis todas as criaturas do mundo; não há nelas nenhum princípio de destruição, nem o domínio da morte se estende sobre a terra. •
Os ímpios chamam a morte.
[15] Porque a justiça é imortal.
[16] Os ímpios, porém, chamam a morte com as suas obras e palavras; julgando-a amiga, consomem-se de desejos por ela, fazem com ela aliança, e são, de facto, dignos de lhe pertencer. •