Epístola aos Hebreus, 9
Ineficácia dos ritos, ofertas e sacrifícios moisaicos. Eficácia do sacrifício de Jesus Cristo. Necessidade da morte de Jesus Cristo. O sangue de Cristo oferecido uma só vez é eficaz para sempre.
III - Cristo é ao mesmo tempo hóstia perfeita
Ineficácia dos ritos, ofertas e sacrifícios moisaicos.
[1] A primeira aliança teve também regulamentos relativos ao culto e um santuário terrestre. •
[2] Foi construído um tabernáculo, em cuja parte anterior, chamada o Santo, se encontravam o candeeiro, a mesa e os pães da proposição. •
[3] Por detrás do segundo véu estava a parte do tabernáculo chamada o Santo dos Santos, •
[4] contendo o altar de ouro, para os perfumes, e a arca da aliança, coberta de ouro por todos os lados, na qual havia uma urna de ouro contendo o maná, a vara de Aarão, que tinha florescido, e as tábuas da aliança ; •
[5] sobre ela estavam os Querubins da glória, que cobriam com a sua sombra o propiciatório. Toda via não é aqui o lugar de falarmos destas coisas, uma por uma. •
[6] Estando assim tudo disposto, os sacerdotes entram sempre na primeira parte do tabernáculo, para exercer as funções sacerdotais; •
[7] na segunda só entra o pontífice, uma vez no ano, não sem sangue que ofereça pelas suas faltas e pelas do povo, •
[8] significando com isto o Espírito Santo que o caminho do santuário não está ainda aberto, enquanto subsiste o primeiro tabernáculo, •
[9] que é uma figura do tempo presente, no qual se oferecem dons e sacrifícios, que não podem tornar perfeita a consciência do sacrificante.
Tempo presente. O Apóstolo dá este nome aos tempos anteriores a Cristo, assim como chama mundo futuro (2, 5) aos tempos messiânicos.
[10] Tudo isto apenas se refere a alimentos e bebidas, a diversas abluções e determinações carnais, impostas somente até ao tempo da reforma. •
Eficácia do sacrifício de Jesus Cristo.
[11] Mas Cristo, vindo como pontífice dos bens futuros, passando pelo meio de um tabernáculo mais excelente e perfeito, não feito por mão de homem, isto é, não desta criação, •
[12] e não com o sangue dos bodes ou dos bezerros, mas com o seu próprio sangue, entrou uma só vez no santuário, conseguindo-nos uma redenção eterna. •
[13] Com efeito, se o sangue dos bodes e dos touros, e a cinza de uma novilha, aspergindo os impuros, os santificam e lhes dão a pureza da carne, •
[14] quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras de morte para servir a Deus vivo! •
Necessidade da morte de Jesus Cristo.
[15] Por isso ele é mediador do novo testamento, a fim de que, intervindo a sua morte para o perdão daquelas prevaricações que havia sob o antigo, os chamados recebam a herança eterna que lhes foi prometida. •
[16] De facto, onde há um testamento, é necessário que intervenha a morte do testador, •
[17] porque o testamento só produz seu efeito em caso de morte, não tendo força enquanto vive o testador.
[18] Por isso nem mesmo o primeiro testamento foi inaugurado sem sangue.
[19] Efetivamente Moisés, tendo lido a todo o povo todos os preceitos da lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, com lã tinta de escarlate e com hissopo aspergiu o mesmo livro (que continha a lei) assim como todo o povo,
[20] dizendo: Este é o sangue da aliança que Deus contraiu convosco (Ex. 24, 8). •
[21] Aspergiu igualmente com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério.
[22] Quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue : sem efusão de sangue não há remissão. •
O sangue de Cristo oferecido uma só vez é eficaz para sempre.
[23] Era, pois, necessário que as figuras das realidades celestiais fossem assim purificadas, mas que as mesmas realidades celestiais o fossem por meio de sacrifícios superiores. •
[24] Jesus não entrou num santuário feito por mão de homem, figura do verdadeiro, mas entrou no mesmo céu, para se apresentar agora diante de Deus por nós,
[25] e não entrou para se oferecer muitas vezes a si mesmo, como o pontífice entra, uma vez por ano, no santuário com sangue alheio. •
[26] Doutra maneira ser-lhe-ia necessário padecer muitas vezes desde o princípio do mundo; apareceu, porém, uma só vez, no fim dos séculos, para destruir o pecado com o sacrifício de si mesmo. •
[27] E, assim como está decretado que os homens morram, uma só vez, e que, depois disso, se siga o juízo,
[28] assim também Cristo se ofereceu uma só vez (em sacrifício) para apagar os pecados de muitos; a segunda vez aparecerá, não por causa do pecado, mas para salvação daqueles que o esperam. •