Livro de Ester, 2
Assuero resolve substituir a rainha Vasti. Ester, a filha adoptiva de Mardoqueu. Ester entre as mulheres destinadas ao rei. E escolhida para o lugar de Vasti. Descobre ao rei uma conjuração que Mardoqueu lhe tinha revelado.
Assuero resolve substituir a rainha Vasti.
[1] Passadas assim estas coisas, quando a ira do rei estava já aplacada, lembrou-se ele de Vasti, do que ela tinha feito e do que tinha sofrido. •
[2] Então os servos do rei e os seus ministros disseram: Busquem-se para o rei donzelas virgens e formosas; •
Busquem-se... Estes factos mostram o alto grau de corrupção, a que o paganismo tinha chegado, e a baixa condição da mulher antes do cristianismo.
[3] enviem-se por todas as províncias pessoas, que escolham donzelas formosas e virgens, e tragam-nas à cidade de Susa; ponham-se na casa das mulheres, sob o cuidado do eunuco Egeu, que está encarregado de guardar as mulheres do rei, e aprontem-se-lhes todos os seus atavios e tudo o necessário para seu uso. •
[4] Aquela que entre todas mais agradar aos olhos do rei, essa será rainha em lugar de Vasti. Agradou este parecer ao rei, e mandou-lhes que fizessem conforme tinham aconselhado. •
Ester, a filha adoptiva de Mardoqueu.
[5] Havia na cidade de Susa um homem judeu, chamado Mardoqueu, filho de Jair, filho de Semei, filho de Cis, da linhagem de Benjamim •
[6] o qual linha sido deportado de Jerusalém naquele tempo em que Nabucodonosor, rei de Babilônia, tinha feito levar para esta cidade a Jeconias, rei de Judá. •
[7] Tinha ele criado Edissa, filha de seu irmão, chamada por outro nome Ester, órfã de pai e mãe; era em extremo formosa e de aspecto gracioso. Depois do falecimento de seu pai e sua mãe, Mardoqueu tínha-a adoptado por filha. •
Ester entre as mulheres destinadas ao rei.
[8] Tendo-se, pois, publicado por toda a parte o mandato do rei, e levando-se a Susa, segundo a sua ordem, muitas donzelas formosíssimas, que eram entregues ao eunuco Egeu, levaram-lhe também Ester entre as outras donzelas, para ser guardada com as mulheres.
[9] Ela agradou-lhe e achou graça aos seus olhos. Ele apressou-se a dar-lhe o necessário ao seu adorno e subsistência, assim como sete donzelas das de melhor parecer da casa do rei (para a servirem), e mandou-a com elas para o melhor aposento da casa das mulheres, •
[10] Ester não lhe quis descobrir de que terra, nem de que nação era, porque Mardoqueu tinha-lhe ordenado que guardasse nisso um grande segredo. •
[11] Ele todos os dias passava diante do vestíbulo da casa, onde estavam guardadas as virgens escolhidas, cuidadoso do estado em que se encontrava Ester, e desejoso de saber o que lhe aconteceria. •
[12] Quando chegava o tempo em que cada uma das donzelas, pela sua ordem, devia ser apresentada ao rei, depois de concluídas todas as coisas que correspondiam ao seu adorno, tinham-se passado doze meses, porquanto durante seis meses se ungiam com óleo de mirra, e durante outros seis usavam de certos unguentos e aromas. •
[13] No momento de se apresentar ao rei, davam-lhe tudo quanto pedia, ao passar da habitação das mulheres à câmara do rei.
[14] Á que tinha entrado à noite saia pela manhã, e dali era levada a uma outra habitação, que estava ao cuidado do eunuco Susagaz, que tinha a guarda das mulheres secundárias do rei, e não tinha a permissão de voltar de novo ao rei, a não ser que o rei a quisesse e, por seu nome, a mandasse vir.
E escolhida para o lugar de Vasti.
[15] Passado, pois, um certo tempo, estava já próximo o dia em que devia ser apresentada ao rei Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu, a qual este tinha adoptado por filha. Ela não pediu nada, além do que lhe foi entregue pelo eunuco Egeu, que tinha a guarda das donzelas; mas Ester agradou aos olhos de todos os que a viram. •
[16] Foi, pois, levada à câmara do rei Assuero no décimo mês, chamado Tebet, no sétimo ano do seu reinado. •
[17] O rei amou-a mais do que a todas as outras mulheres, e ela achou graça e favor diante dele, mais que todas as mulheres; pôs-lhe sobre a cabeça a coroa real e constituiu-a rainha no lugar de Vasti. •
[18] E ordenou que se preparasse um banquete, magnificentíssimo para todos os seus príncipes e servidores, um banquete em honra de Ester. Concedeu alivio (de alguns tributos) a todas as províncias, e fez donativos dignos da magnificência dum tão grande príncipe. •
Descobre ao rei uma conjuração que Mardoqueu lhe tinha revelado.
[19] Enquanto pela segunda vez se buscavam e reuniam virgens, Mardoqueu estava (continuamente) junto da porta do rei. •
[20] Ester, seguindo a ordem de Mardoqueu, não tinha ainda manifestado a sua pátria e nação. Ester observava tudo o que ele mandava, fazia tudo como costumava fazer, quando, sendo menina, ele a criava. •
[21] Naquele tempo, pois, em que Mardoqueu estava à porta do rei, mostraram-se mal contentes Bagalan e Tares, dois eunucos do rei, que eram porteiros, guardas da primeira entrada no palácio, e intentaram levantar-se contra o rei e matá-lo. •
[22] Isto foi sabido por Mardoqueu, o qual imediatamente deu parte à rainha Ester, e ela ao rei em nome de Mardoqueu, que lha tinha referido. •
[23] Fizeram-se as investigações, e averiguou-se ser verdade; ambos foram pendurados numa forca. Isto foi regislado no livro das Crônicas, na presença do rei. •