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Profecia de Daniel, 13


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Apêndice

História de Susana
Susana e os dois velhos.

[1] Havia um homem, que habitava em Babilónia, cujo nome era Joaquim,

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Havia um homem que habitava em Babilónia... A história de Susana, referida neste capitulo, vem no grego no princípio do Livro de Daniel. Pelo seu contexto se vê que o caso sucedeu no tempo do cativeiro de Babilónia. Daniel era então muito jovem, começando com este acontecimento a tornar-se célebre entre o povo. Donde se conclui que isto foi no intervalo dos três primeiros anos do seu cativeiro, de sorte que, segundo a ordem dos tempos, o lugar desta história devia ser depois do capitulo I.

[2] o qual casou com uma mulher chamada Susana, filha de Helcias, formosíssima e temente a Deus,

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Susana quer dizer lírio.

[3] porque seus pais, como eram justos, tinham instruído a sua filha segundo a lei de Moisés.

[4] Ora Joaquim era muito rico e tinha um jardim junto de sua casa; os Judeus concorriam a ele, porque era o mais respeitável de todos.

[5] Naquele ano tinham sido constituídos juízes dois velhos dentre o povo, daqueles de quem o Senhor falou, quando disse; A iniquidade saiu da Babilónia por meio de velhos que eram juízes, os quais pareciam governar o povo.

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Daqueles de quem o Senhor falou, quando disse... Este dito não se acha nos livros da Sagrada Escritura, ou porque não se escreveu, ou porque se perdeu o livro em que estava escrito. Encontrava-se na tradição.

[6] Frequentavam estes a casa de Joaquim onde iam ter com eles os que tinham pleitos para julgar.

[7] Por volta do meio-dia, quando o povo se tinha retirado, Susana entrava e passeava no jardim do seu marido.

[8] Estes velhos viam-na entrar e passear, todos os dias, e conceberam uma paixão por ela.

[9] Perderam o senso e voltaram os seus olhos para não verem o céu, nem se lembraram dos justos juízos.

[10] Estavam ambos feridos de paixão por Susana, mas não declararam um ao outro a sua paixão,

[11] porque se envergonhavam de descobrir um ao outro o desejo de a possuir.

[12] Observavam todos os dias com grande cuidado o tempo em que a poderiam ver. (Um, dia) disseram entre si:

[13] Vamos para casa, porque são horas de comer. (Realmente), tendo saído separaram-se um do outro.

[14] Mas, tornando logo (cada um) a vir, encontraram-se de novo num mesmo lugar. Depois de se terem perguntado mutuamente a causa, confessaram a sua paixão, e, então, de comum acordo, fixaram o tempo em que a poderiam encontrar só.

Atentado dos velhos que acusam Susana.

[15] Aconteceu, pois, que, aguardando eles uma ocasião oportuna, entrou ela, como de costume, acompanhada somente de duas donzelas, e quis banhar-se no jardim, acusam porque fazia (muito) calor.

[15] Aconteceu, pois, que, aguardando eles uma ocasião oportuna, entrou ela, como de costume, acompanhada somente de duas donzelas, e quis banhar-se no jardim, acusam porque fazia (muito) calor.

[16] Não se encontrava então ali ninguém, senão os dois velhos, que estavam escondidos e a contemplavam.

[17] Disse Susana às donzelas: Trazei-me os óleos e os perfumes, e fechai as portas do jardim, para eu tomar banho.

[18] Elas fizeram o que lhes tinha mandado; fecharam as portas do jardim e saíram por uma porta escusa, para trazerem o que lhes havia ordenado, ignorando que os velhos estavam dentro escondidos.

[19] Logo que as donzelas saíram, levantaram-se os dois velhos, correram para ela e disseram-lhe:

[20] Estão fechadas as portas do jardim ; ninguém nos vê, e nós ardemos em paixão por ti ; rende-te, pois, ao nosso desejo, entrega-te a nós.

[21] Se recusas, daremos testemunho contra ti, dizendo que estava contigo um jovem e que foi por isso que despediste as donzelas.

[22] (Ao ouvir isto) Susana gemeu e disse: De todas as partes me vejo cercada de angústias: se eu fizer isto, incorro na morte; se não o fizer, não escaparei das vossas mãos.

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Incorro na morte morai, que é o pecado.

[23] Porém melhor é para mim cair inocente entre as vossas mãos, do que pecar na presença do Senhor.

[24] E imediatamente deu Susana um grande grito. Então os dois velhos também gritaram contra ela.

[25] E um deles correu à porta do jardim e abriu-a.

[26] Os criados da casa, tendo ouvido gritar no jardim, correram lá pela porta escusa, para verem o que era.

[27] Quando os velhos falaram, ficaram os criados sumamente envergonhados, porque nunca semelhante coisa se tinho dito de Susana.

Julgamento e condenação de Susana.

[28] No dia seguinte, tendo vindo o povo à casa de Joaquim, seu marido, vieram também os dois velhos, cheios de iníquos pensamentos contra Susana, para lhe fazerem perder a vida.

[29] Disseram diante do povo: Mandai buscar Susana, filha de Helcias, mulher de Joaquim. Mandaram-na buscar.

[30] Ela veio, acompanhada de seus pais, seus filhos e de todos os seus parentes.

[31] Ora Susana era de traços delicados e de uma formosura extraordinária.

[32] Então aqueles malvados mandaram-lhe descobrir o rosto, porque estava velada, para se fartarem com a vista da sua beleza.

[33] Entretanto choravam os seus é todos os que a conheciam.

[34] Aqueles dois velhos, levantando-se no meio do povo, puseram as suas mãos sobre a cabeça de Susana.

[35] Ela, chorando, levantou os olhos ao céu, porque o seu coração tinha uma firme confiança no Senhor.

[36] Os velhos disseram: Quando passeávamos sós na jardim, entrou esta mulher com duas donzelas; fechou as portas do jardim e despediu as donzelas.

[37] Então um jovem, que estava escondido, foi ao seu encontro e pecou com ela.

[38] Nós, que estávamos a um canto do jardim, vendo esta maldade, corremos para eles e vimo-los ambos neste acto.

[39] Não pudemos apanhar o jovem, porque era mais forte do que nós, o qual, tendo aberto a porta, fugiu.

[40] A ela conseguimos apanhá-la e perguntámos-Ihe que jovem era aquele, mas não no-lo quis dizer. Deste sucesso somos nós testemunhas.

[41] Todo o ajuntamento lhes deu crédito, como a velhos e a juízes do povo, e ela foi condenada à morte.

[42] Então Susana exclamou em alta voz: Deus eterno, que penetras as coisas escondidas, que conheces todas as coisas ainda antes que aconteçam,

[43] tu sabes que eles levantaram contra mim um falso testemunho; e eis que morro, sem ter feito nada do que inventaram criminosamente contra mim.

[44] O Senhor ouviu a sua oração.

[45] Quando a conduziam à morte, suscitou o Senhor o santo espírito (da profecia) num jovem chamado Daniel,

[46] o qual gritou em alta voz: Estou inocente do sangue desta mulher.

[47] Voltou-se para ele todo o povo e disse-lhe: Que significa essa palavra, que acabas de proferir?

[48] Ele, pondo-se em pé no meio de todos, disse: É possível, filhos de Israel, que sejais vós tão insensatos que, sem o devido exame e conhecimento da verdade, tenhais condenado uma filha de Israel?

[49] Julgai-a de novo, porque eles disseram um falso testemunho contra ela.

Julgamento e condenação dos dois velhos.

[50] Voltou, pois, o povo, apressadamente, e os velhos disseram a Daniel: Vem, assenta-te no meio de nós e esclarece-nos, visto que Deus te deu a honra da velhice,

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E os velhos disseram a Daniel, por ironia e ludibrio, como quem insultava a meninice e confiança de Daniel.

[51] Daniel disse ao povo: Separai-os longe um do outro, e eu os julgarei.

[52] Tendo sido separados, chamou Daniel um deles e disse-lhe: Homem inveterado no mal, os pecados que cometias noutro tempo, voltam agora sobre ti,

[53] que pronunciavas juízos injustos, que oprimias os Inocentes e absolvias os culpados, apesar de o Senhor ter dito: Não farás morrer o inocente e o justo.

[54] Ora bem! Se a viste (pecar), dize: Debaixo de que árvore os viste juntos? Ele respondeu: Debaixo dum lentisco.

[55] Daniel disse-lhe: Verdadeiramente mentiste contra a tua cabeça, porque eis que o anjo de Deus, tendo recebido dele (O poder de executar) a sentença (proferida contra ti), te partirá pelo meio.

[56] Tendo feito retirar este, mandou que viesse o outro, e disse-lhe: Raça de Canaan, e não de Judá, a formosura seduziu-te, e a concupiscência perverteu-te o coração.

[57] Era assim que vós fazíeis às filhas de Israel, e elas, com medo, condescendiam convosco; porém esta filha de Judá não suportou a vossa iniquidade.

[58] Dize-me, pois, agora: Debaixo de que árvore os surpreendeste juntos? Ele respondeu: Debaixo dum carvalho.

[59] Daniel disse-lhe: Verdadeiramente também tu mentiste contra a tua cabeça, porque o anjo do Senhor está esperando, com a espada na mão, para te cortar pelo meio, para te matar.

[60] Imediatamente toda a assembleia gritou em alta voz, bem-dizendo a Deus; que salva os que esperam nele.

[61] Então levantaram-se contra os dois velhos, os quais Daniel havia convencido por sua própria boca de terem dado um testemunho falso, e fizeram-lhes sofrer o mesmo mal que eles tinham intentado contra o seu próximo,

[62] para cumprirem com a lei de Moisés: mataram-nos, sendo salvo o sangue inocente naquele dia.

Acção de graças: prestígio de Daniel.

[63] Então Helcias e sua mulher louvaram a Deus por (ter salvado) Susana, sua filha, com Joaquim, seu marido, e com todos os parentes por se não ter achado nela coisa que ofendesse a honestidade.

[64] E Daniel, desde aquele dia em diante, tornou-se grande diante do povo.

Bel e o Dragão

[65] O rei Astiages foi juntar-se a seu pais (no sepulcro), e Ciro, o Persa, sucedeu-lhe no reino.

Daniel, 13