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Livro Segundo dos Macabeus, 5

Jasão invadindo Jerusalém, morre miseravelmente. Antioco toma Jerusalém e trucida os seus habitantes. Saqueia o templo. Deixa governadores crueis. Por meio Apolónio fere novamente Jerusalém. Judas Macabeu no deserto.


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Jasão invadindo Jerusalém,

[1] Por este mesmo tempo preparou Antioco a segunda expedição contra o Egipto.

[2] Aconteceu que em toda a cidade de Jerusalém, por espaço de quarenta dias, se viram homens a cavalo, correndo pelo ar, vestidos de ouro e armados de lanças, à semelhança de coortes,

[3] cavalos ordenados em esquadrões, ataques e cargas dum e doutro lado, movimentos de escudos, grande multidão de lanças, espadas nuas, tiros de dardos, resplendor de armaduras e ouro e de couraça de todo o género.

[4] Portanto todos rogavam (a Deus) que tais prodígios fossem em seu favor.

[5] Tendo-se espalhado o falso rumor de que Antioco morrera, Jasão, tomando consigo não menos de mil homens, acometeu de improviso a cidade. Os cidadãos concorreram de todas as partes aos muros, mas ele por fim apoderou-se da cidade, e Menelau fugiu para a cidadela.

[6] Entretanto Jasão fazia impiedosa matança dos seus próprios concidadãos, não considerando que uma vitória ganha contra os compatriotas é o maior desastre, mas agindo como se alcançasse um troféu dos seus inimigos, e não dos seus concidadãos.

[7] Todavia não lhe foi possível apoderar-se do poder, mas recebeu a confusão como fruto da sua perfídia e retirou-se fugitivo outra vez para a terra dos Amonitas.

morre miseravelmente.

[8] Por fim, apertado por Aretas, rei dos Árabes, fugindo de cidade em cidade, aborrecido de todos, detestado como violador das leis, execrando como carrasco da pátria e dos concidadãos, foi empurrado para o Egipto.

[9] Aquele que tinha lançado fora da sua terra tantas pessoas, pereceu longe da sua pátria, levado para a Lacedemónia pela esperança de achar lá algum refúgio por causa do parentesco.

[10] Ele, que tinha deixado os corpos de muitos sem sepultara, não foi chorado nem sepultado, não achando sequer um lugar no túmulo de seus pais.

Impiedade e crueldade de Antíoco
Antioco toma Jerusalém e trucida os seus habitantes.

[11] Ao conhecer tais acontecimentos, o rei pensou que os Judeus abandonariam a aliança feita com ele, e, por isso, tendo voltado do Egipto com o ânimo enfurecido, tomou a cidade pelas armas.

[12] Mandou aos soldados que ferissem sem piedade, todos os que lhes caíssem nas mãos, e que, entrando nas casas, fizessem matança dos que aí se refugiassem.

[13] Houve, pois, uma grande mortandade de jovens e velhos, um massacre de mulheres e de crianças, de donzelas e de meninos de peito.

[14] Em três dias houve oitenta mil vítimas: quarenta mil assassinadas, e outras tantas vendidas (como escravas).

Saqueia o templo.

[15] Mas nem ainda esta crueldade foi bastante a Antíoco; ousou, além disso, entrar no templo, que era o lugar mais santo de todo o mundo, conduzido por Menelau, que foi traidor às leis e à pátria,

[16] tomou com as suas impuras mãos os vasos sagrados e arrebatou com as suas mãos profanas as ofertas que os outros reis tinham ali posto para realçar a glória e a dignidade deste lugar.

[17] Assim Antíoco, inchado de soberba, não considerava que Deus, por causa dos pecados dos que moravam na cidade, se tinha irado por pouco tempo contra eles, e que, por isso, é que também acontecera o desacato feito aquele lugar (santo).

[18] Doutra sorte, se eles não estivessem culpados de muitos pecados, (este príncipe), a exemplo de Heliodoro, que foi enviado pelo rei Seleuco a despojar o erário, teria sido açoutado também, como ele, logo que chegou, e sentiria castigada a sua audácia.

[19] Porém, Deus não escolheu o povo por amor do lugar (ou templo), mas escolheu este por amor do povo.

[20] Por isso também este lugar participou das desgraças do povo, bem como depois participou com ele dos bens; desamparado por causa da ira do Deus omnipotente, veio de novo a ser elevado à glória anterior, quando o soberano Senhor se reconciliou (com o seu povo).

Deixa governadores crueis.

[21] Tendo Antíoco tirado do templo mil e oitocentos talentos, voltou sem demora para Antioquia, deixando-se possuir dum tal excesso de soberba e elevando-se tanto no coração, que lhe parecia que podia navegar sobre a terra e caminhar sobre o mar.

[22] Entretanto deixou ali governadores para afligirem o povo: em Jerusalém a Filipe, originário da Frigia, mais cruel em seus costumes do que aquele mesmo que o havia estabelecido,

[23] e em Garizim a Andronico, aos quais juntou Menelau, mais encarniçado que os outros contra os seus concidadãos.

Por meio Apolónio fere novamente Jerusalém.

[24] Mandou-lhes também Antioco o detestável Apolónio, com um exército de vinte e dois mil homens, com ordem de matar todos os adultos e de vender as mulheres e as crianças.

[25] Apolónio, logo que chegou a Jerusalém, fingindo que só buscava a paz, esteve quieto até ao santo dia de sábado; nele, quando os Judeus estavam em descanso, ordenou aos seus soldados que tomassem armas.

[26] Então mandou matar todos os que saíram a ver este espectáculo, e, correndo a cidade com os seus soldados, tirou a vida a grande número de pessoas.

Judas Macabeu no deserto.

[27] Entretanto Judas Macabeu, que era o décimo, retirou-se a um lugar despovoado e passava ali a vida nos montes com os seus entre as feras; apenas comiam ervas do campo, para não se mancharem.

2º Macabeus, 5